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Hoje apetece-me ter um blog.

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26 Out, 2009

O Consulado

Nunca tinha estado num consolado, até hoje. Até tinha alguma curiosidade. O que encontrei foi uma coisa bem diferente do que estava à espera, algo quase kafkiano, diria.

O prédio onde está instalado o consulado fica entre um restaurante chinês, um museu taurino, uma loja de desporto e uma loja de roupa interior feminina. É um prédio de habitação. Cada campaínha indica o andar e a letra que corresponde a cada apartamento, excepto a do consulado. A campainha do consulado tem, por cima do mostrador do andar e letra, de maneira a que estes não sejam visíveis, um pequeno papel escrito à mão e já ligeiramente borratado pela chuva. O papel diz "consulado". A campaínha, na verdade, nem é necessária porque a porta está aberta.

O hall de entrada é amplo e lembra, por qualquer razão, os anos 70. Existe um cubículo que diz "porteiro", bem iluminado, mas não existe porteiro. Junto à janelinha desse cubículo, numa placa dourada pode ler-se, finalmente, "Consulado de Portugal" 3º qualquer-letra (já não me lembro qual era, exactamente). De ambos os lados desse cubículo, e de forma quase perfeitamente simétrica, existem escadas e um elevador. O elevador tem em todo o lado menos no indicador de andar actual um ar 'normal/velho'. No mostrador do andar parece super moderno.

O terceiro andar tem um pequeno corredor cujo centro está marcado pelo elevador. Há 2 ou 3 portas. A do lado direito, fechada, tem uma placa prateada, dum tamanho pouco mais pequeno que o A4 do papel, com a esfera armilar rodeada por louros e a inscrição "Consulador de Portugal" e o horário de funcionamento. O horário foi corrigido duma forma muito rudimentar. Era preciso tocar à campaínha. O som da campaínha era o som normal de uma campaínha de uma casa. A porta não abriu de imediato. Começaram a ouvir-se passos atrás da porta. Imaginei alguém ainda meio despenteado, de chinelos e robe a abrir a porta. Na verdade, atendeu-me um senhor daqueles que põe os óculos na ponta do nariz para olhar por cima deles, barriguinha "à portuguesa", cerca de 60 anos e indumentária própria de senhor de 60 anos friorento. Esqueci-me de reparar se estava ou não de chinelos. Entrei e conversei com o senhor. Nunca saímos no hall de entrada. A alcatifa, verde-cinzento com ar velho combinava com o ar do senhor. E os panfletos espalhados em cima do móvel do hall também. Eram alusivos a vários museus e atracções turísticas de Portugal e pareciam velhotes. O senhor tinha uma voz mais ou menos grave e um pouco rouca. Era português e aquela parecia ser a sua casa. Foi estranho. 

23 Out, 2009

o tempo

Lembro-me de há uns meses atrás falar com alguém sobre a maneira como as pessoas dizem sempre "ah, eu não tenho tempo para isso". "Isso" seriam coisas como ir ao ginásio, fazer desporto ao ar livre, comer bem, sair com os amigos, ir ao cinema...

O meu interlocutor dizia que a falta de tempo era uma desculpa esfarrapada e que quem realmente quer fazer coisas arranja, de alguma maneira, tempo para elas. A minha posição não era tão intransigente mas ia numa direcção muito próxima dessa. Hoje, percebo que não é bem assim.

Não é que "as pessoas crescidas" não tenham, efectivamente, tempo para nada. É que o trabalho é tão desgastante que o tempo que as pessoas tem livre, efectivamente parece nem merecer o título de "tempo". Agora que sou "uma espécie de trabalhadora do tipo 8 horas por dia" percebo. Ao fim de 8horas de trabalho, mesmo que sejam horas passadas sentada em frente a um computador, são altamente desgastantes. Quando chegam ao fim eu dou graças a deus e declaro-me esgotada, incapaz de fazer seja o que for nos próximos tempos.

Há umas semanas ponderei a hipótese de ir para um ginásio. Como as pessoas de que falava no início deste post o que me passou pela cabeça foi "não tenho tempo". E tenho pensado no assunto. Na verdade, depois de sair do trabalho o ginásio continua aberto durante um par de horas. Em termos absolutos, eu tenho tempo. Mas não conseguiria. Sabe-me muito bem o regresso a casa com o fresco a dar na cara e o nariz a congelar mas algo que exigisse mais que uma mente absolutamente vazia é impossível no fim de um dia de trabalho.

 

Não ando a ser explorada nem nada do género. Mas começo a achar que, ou não fui feita para trabalhar num sítio fechado ou então não sei trabalhar.

12 Out, 2009

Autárquicas 2009

Até é estranho pensar que há sitios onde se espera para votar. Na terrinha só não é chegar, votar e andar porque alguns candidatos estão à porta das urnas a fazer "operação de charme", só para não lhe chamar "campanha à boca das urnas".

O dia de reflexao é o dia anterior, parece que no próprio dia vale tudo! Curiosamente, 2 dos 3 partidos candidatos aqui na terrinha tinham uma representação deste género no momento em que eu fui votar. Um deles, para não deixar dúvidas, trazia exactamente a mesma roupa que usou nas fotografias dos cartazes, um fato com gravata cor de laranja, para ninguém esquecer em que partido votar.

O charme mais falhado foi o de um candidato que decidiu arrancar  o meu voto. Pena que não tivesse percebido que eu não estava a chegar mas sim a ir embora e que já tinha votado. O senhor candidato começou a falar comigo julgando que eu era a minha irmã e que ela já teria idade para votar (que não tem). Eu não envergohei o senhor e fiz de conta que nao percebi. Também não tinha votado nele, era o mínimo que podia fazer...

 

Se foi assim a primeira que votei numas autárquicas, imagino como serão as seguintes!

Primeiro, Espanha fica à frente da Alemanha no Human Development Index, segundo a ONU. (A ler aqui)

Depois, Barack Obama recebe o Nobel da Paz, com 9 meses de governo, obviamente insuficientes para assumir políticas de paz e notar os seus efeitos.

 

Com um mundo assim parece normal que em Espanha só se fale do Cristiano Ronaldo.