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Hoje apetece-me ter um blog.

Hoje apetece-me ter um blog.

28 Abr, 2009

Oh, Portugal!

As saudades eram realmente gigantes. De tal maneira que me deu vontade de por num frasquinho todos os sinais de portugalidade com que me fui deparando ao longo destes dias, pequenos pormenores que, noutras condições, me teriam passado, certamente, despercebidos. Mas não há frasquinhos de memórias e, se os houvesse, não os poderia transportar na bagagem de mão, de modo que sou obrigada a guardá-los na memória e/ou aqui.

Além dos sinais de portugalidade, também as rotinas se tornaram deliciosas e recheadas de sentido. Portugal, ao contrário do que diz a canção de Coimbra, não tem mais encanto na hora da despedida, tem mais encanto na hora do regresso.

 

Ganham estranhas proporções as pequenas coisas como o senhor do café que se mete com os clientes, canta músicas infantis que toda a gente conhece e diz que são do "seu tempo"; o grupo de homens de várias idades, com os mais velhos barrigudos, que se deslocam de camioneta para fazer torneios de malha com almoço incluido. Almoço que, em vez de piquenique, é um almoço a sério, com direito a sopa e vinho em canecas (coisas de plástico não são "à homem"), tudo isso servido por uma poderosa mulher, única entre dezenas de homens, mas com o poder de "os por na linha", à boa maneira portuguesa. Ai ai. Que saudades! E a praia, ainda que ventosa! E a chuva de Aveiro! E as tardes passadas sentada no sofá a olhar para a televisão, as refeições preparadas pela mamã, as histórias dos professores da maninha, ouvir falar do barqueiro do Rio Zêzere que ainda está activo (talvez ainda faça a travessia num destes dias), o mercado da terrinha, os jantares de estudantes, conhecer montes de gente quando se sai à noite, saber onde estão os produtos no supermercado, conhecer as marcas, conduzir, apanhar laranjas e limões, dormir num colchão decente, as torradas nos cafés, o café que sabe a café!...

 

Oh, Portugal!

21 Abr, 2009

Regresso a Portugal

 Volto a Portugal, que é como quem diz, a casa, daqui a 3 dias. Não podia estar mais ansiosa. Desde que comprei o vôo que faço a contagem decrescente. Há quase uma semana que comecei a fazer a mochila, mesmo que só possa transportar 10Kg e a mochila não seja assim tão grande. Obviamente, já a fiz e desfiz umas quantas vezes. E hoje vou voltar a desfazer. E talvez não seja a última vez.

Sinto-me uma criancinha. Vendo bem, não estou fora assim há tanto tempo. São quase 2 meses mas com visitas a velhos amigos pelo meio. A ansiedade talvez não devesse ser tanta. Por outro lado, como dizia a senhora Judy Garland, "there's no place like home", seja qual for a definição de "home" que adoptemos, caso queiramos enverredar por caminhos mais filosóficos. Espalhadas por Weimar há umas quantas sugestões...

Ainda não vi nenhum dos meus colegas estrangeiros em Weimar desesperados por ir para casa. Devo ser, realmente, muito jovenzinha de espírito, dependente ou fraca. Mas não caibo em mim de contente. (Como se pode depreender por este post deficiente de conteúdo.)

 Ontem a minha turma de projecto foi ao cinema. Foi uma visita de estudo, para vermos como se faz, hoje, 3d no cinema. 3d esse que vamos, durante o semestre, explorar e adaptar à televisão, para perceber as possibilidades e limitações da tv do futuro, 3dtv.

Na verdade, já vi um filme em 3d, mas foi há muito muito tempo, no Pavilhão do Futuro, creio, na Expo'98. Foi há muito tempo e já mal me lembro. Também já fui a um IMAX, mas também é uma coisa completamente diferente, por isso, encarei esta sessão como a primeira num cinema 3d.

Depois de ler umas quantas coisas sobre 3dtv e equipamentos, tinha algumas expectativas. Julgava que a industria estava já altamente avançada. De facto, está, mas não tanto como eu julgava. Ainda assim, foi interessante e deu para perceber muita coisa, mesmo sendo um filme de animação e em alemão.

O filme era Monsters vs Aliens, a mais recente animação da dreamworks. Tecnicamente irrepreensível, no que diz respeito à animação, já no usufruto do 3 deu diria deixar um pouco a desejar. Em certos momentos o 3d estava mesmo interessante e as personagens saíam da tela e dirigiam-se ao espectador, outras vezes, em momentos em que fazia sentido que o mesmo acontecesse, não acontecia. Mas também não tenho outro ponto de referência, estou apenas a comparar com as minhas expectativas. Àparte dos aspectos técnicos, o filme cumpre a sua função, está cheio de referências cinéfilas simpáticas, desde Shreck (um pormenor no uniforme de uma das personagens) até Encontros Imediatos de Terceiro Grau, de forma não tão subtil, e a E.T. ou Indiana Jones. A história, no entanto, não surpreende. Mas também não é surpresa que se espera de um filme deste género.

 

 Depois do filme, algo completamente diferente (mas só para mim): os alunos saíram com os professores e todos falaram como se de uma saída de amigos de longa data se tratasse. Foi, provavelmente, das saídas mais interessantes que já fiz em Weimar. Definitivamente, a minha vida académica em Weimar rege-se por padrões bem diferentes dos portugueses. Mas era disso que eu vinha à procura, e é essa uma parte da definição de "Erasmus".

Definitivamente, gosto da Alemanha.

16 Abr, 2009

a nostalgia

Hoje googlei o meu nome. É, talvez, a coisa mais egocêntrica do mundo. Mas, por outro lado, é, também, extremamente revelador e nostálgico. Os links que o google me sugeriu trouxeram de volta a minha adolescência, os tempos de residência, no secundário, o tempo em que usava abreviaturas em excesso, o tempo em que adorava o photoblog, o tempo em que me iniciei na blogosfera (não da forma mais brilhante do mundo), enfim, um dos períodos mais importantes para fazer de mim o que sou hoje. Ai nostalgia!

Ontem tive o segundo encontro de projecto. Só agora é que realmente começámos a fazer alguma coisa. Foi das aulas mais interessantes que já tive. A certa altura discutimos (realmente todos) as particularidades do 3d, da realidade e do 2d, mas sem limites. Daí resultou que se discutisse, inclusivé, os conceitos filosóficos ligados à questão do 3d vs 2d e "será que existe realmente 3d?". Se eu tentasse fazer isto na maioria dos meios que frequento em Portugal seria, muito provavelmente gozada. Aqui não. Aqui fazia parte da aula. Juntamente com tópicos como "3d displays" ou "polarizadores". Definitivamente: estou no sítio certo.

Eu andava a dizer que as minhas aulas tinham começado na semana passada e que na terça-feira passada tinha tido uma aula a sério mas mentia. Hoje sim, foi a minha primeira aula a sério. Foi a minha primeira aula prática na Bauhaus.

Mais uma vez, o cenário é um quanto estranho.

Antes da aula prática tive a teórica. Nessa aula teórica estavam pessoas do primeiro ano e pessoas do terceiro. Antes de entrar na aula teórica perguntei a um rapaz com quem já tinha falado (e, por isso, sabia que falava inglês) onde era a sala onde era suposto acontecer a aula seguinte. Era do primeiro ano e não sabia. Estranho, porque o outro turno tem a aula na mesma sala. Whatever. Por acaso, na aula teórica, fiquei sentada ao lado de um rapaz que estava no terceiro ano. Sabia onde era a sala e até me disse o código necessário para lá entrar. O engraçado é que, agora, não é preciso código nenhum e podemos entrar com o nosso cartão de estudante que é magnético e, qual "abre-te sésamo", serve como chave para certas salas ou edifícios.

Amadorismos e desactualizações à parte, o edifício em que tive a aula podia muito bem ser uma casa de uma velhinha alemã daquelas que têm muitos gatos. Vizinho do edifício principal da minha faculdade e das garagens, a porta de acesso parece uma porta das traseiras. As escadas, com um ligeiro caracol têm como pavimento uma coisa que parece papel de parede, em tons de castanho amarelado com decorações mais escuras, bem à moda das velhinhas. Por debaixo há madeira. A casa tem algumas histórias para contar, o que faz com que cada passo nas escadas seja bastante sonoro. Depois das escadas há um corredor estreito e 2 portas. Uma delas é uma casa-de-banho, para meninos e meninas, também num estilo retro mas não colorido. A outra porta é a da sala onde tive a minha aula. E o ambiente que rodeia a porta não deixa adivinhar o que lá está dentro. A porta esconde uma sala jeitosa, bem iluminada, com muitos computadores e muito bem equipada. Todos Dell, Windows e Linux. Os alunos de media systems gozam com os macs. Usei o meu durante a aula, porque o meu login não funcionava nos computadores da sala, e tenho a sensação de que por vezes os meus colegas alemães faziam piadas em relação ao meu querido sistema operativo. Os professores ficaram surpreendidos por ver o DrScheme (compilador para Scheme) a funcionar num mac. Não fui exactamente um peixe fora de água, mas qualquer coisa tipo caranguejo no mar.

 

Eu achava que os professores que tinha em Aveiro eram, na sua maioria, bastante jovens. Hoje mudei de ideias. Os professores que tive hoje (estavam 4 na aula) eram todos ainda mais novos. Novos ao ponto de eu os ter visto, na semana passada, num bar local, a dançar de maneira peculiar. Só não foi um belo espectáculo porque a maneira peculiar como se movimentavam, próxima do que será ter ataques epilépticos, parece ser a maneira como todos os homens alemães se movimentam na pista de dança. 

Outra novidade foi o número de professores na sala. 4 professores. 10 a 15 alunos. Verdadeiro ensino personalizado. Eu até tive direito a tradução privada da introdução que fizeram à aula. E senti que durante toda a aula esteve sempre alguém a espreitar o que estava a fazer e a perguntar-me se estava tudo a ir bem. Nunca coloquei tantas questões numa aula. Isto realmente funciona. E outra coisa que acho maravilhosa no sistema de ensino aqui (não sei se é por ser alemão, ou por ser a Bauhaus ou por ser Mediensysteme) é que as datas não são assim tão importantes. Daqui a 2 semanas a aula é de apresentação dos exercícios resolvidos até então. Daqui a 2 semanas estarei em Portugal, "on vacation", como disse ao senhor professor. Problema? Nein! Ausência super desvalorizada "está bem, apresenta na semana a seguir ou então na semana antes, como preferires". Definitivamente, a Alemanha é fixe.

Já muito se disse sobre o Twitter e dificilmente este post vai acrescentar alguma coisa ao mar de opiniões que circula pela net. Mas como ainda nada foi dito por mim, acho que a minha opinião também merece representar uma gota nesse oceano, por muito insignificante que isso seja.

 

Eu sou uma utilizadora muito recente do Twitter. Criei a minha conta há 3 dias, creio. Estou absolutamente fascinada com a ferramenta. Demorei a aderir. O conceito "what are you doing now?" não me parecia suficientemente excitante. Mas depois decidi ceder e aderir à moda. E gostei. Porque, como já li algures, o Twitter não é sobre "o que estás a fazer agora?". É muito mais.

Em 3 dias passei do estado em que seguia 4 ou 5 pessoas, os amigos e algumas instituições para o estado, neste preciso momento [e muito provisoriamente] em que sigo 115 pessoas/instituições/whatever. Para tão pouco tempo, parece-me um pouco assustador. O meu mundo está diferente. Estou agora muito mais ligada ao mundo. Para quem não tem televisão nem rádio, qualquer nova forma de comunicação/informação é bem-vinda e é também isso que o twitter representa para mim.

Em 3 dias ganhei umas quantas novas pastas de marcadores e páginas marcadas, graças à partilha de links no Twitter.

 

Sinto-me, agora, como me senti quando comecei a usar Last.fm, a ferramenta que, até há 3 dias atrás, era a minha ferramenta web 2.0 preferida. Isto significa apenas uma coisa "o Twitter é uma ferramenta absolutamente genial".

Twitter, amor à primeira vista.

 

 

Já agora, eu respondo pelo nome de MauraBouca no twitter...

 "[a bíblia, o livro do génesis] É um texto simbólico, num género literário hoje conhecido e estudado; é uma revelação do sentido profundo da criação e da vida e não a narração do modo como as coisas aconteceram, perspectiva própria da ciência", sublinhou o Cardeal Patriarca. [sobre a questão Darwin e Evolucionismo vs Igreja Católica e criacionismo]

in Publico.pt

 

Apesar de não concordar com tudo o que o Cardeal disse, é de louvar que finalmente alguém tenha desmistificado verdadeiramente a bíblia e que a igreja a comece como aquilo que ela realmente é "um texto simbólico, num género literário hoje conhecido e estudado". Aleluia!

Também acho fantástico que finalmente se quebre o quase tabu que existia sobre esta questão. Afinal já toda a gente duvida que descendemos de Adão e Eva por causa de uma maçã. Esta afirmação e o discurso que se pode ler no artigo é também uma espécie de reconcialiação da igreja com a ciência.

Espero que isto seja um sinal de real actualização da igreja católica, que bem precisa.

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